A doença de Lyme (ou borreliose de Lyme)
Doença causada pela bactéria espiroqueta Borrelia burgdorferi.

O vetor da infecção é geralmente a picada de um carrapato da espécie Ixodes scapularis infectado.

A apresentação da doença varia bastante, podendo, em seus estágios iniciais, incluir erupçäo cutânea e sintomas parecidos com os da gripe, e então manifestações musculoesqueléticas, artríticas, neurológicas, psiquiátricas e cardíacas. Na maioria dos casos, os sintomas podem ser eliminados com antibióticos, especialmente se o tratamento é iniciado precocemente. O tratamento tardio ou inadequado geralmente desenvolve o "estágio tardio" da doença de Lime, que é debilitante e difícil de ser tratado.

História

Apesar da doença ser certamente antiquissima, foi só em 1977, na região de Lyme, Connecticut, EUA, que vários casos de artrite aguda entre adolescentes levaram à descoberta médica da doença. A B.burgdorferi seria identificada como a causa em 1984. A cantora e atriz mexicana Thalia, já sofreu a doença por quase dois anos.

Epidemiologia

Já foram detectados casos de doença de Lyme em 47 estados dos EUA, inclusive naqueles localizados ao longo da costa nordeste, de Massachusetts até Maryland, Wisconsin, Minnesota, Califórnia e Oregon, além de outros países e regiões planetárias que incluem a Europa (incluindo Portugal) e o norte da Ásia, incluindo Rússia, China, Japão, Austrália e Argentina. Geralmente, a doença de Lyme ocorre no verão e no início do outono, afetando mais freqüentemente as crianças e os adultos jovens que habitam áreas florestais.

A doença é transmitida por carraças/carrapatos do gênero Ixodes. No Brasil, o Ixodes responsável é o Amblyoma cajennense. Há cerca de 25 casos por 100.000 habitantes por ano na Europa. Mais de 10% das carraças poderão estar infectadas. A doença de Lyme ataca principalmente mamiferos selvagens, mas a transmissão destes é muito improvável e pode ser que seja impossível.

Zona endemica também no sul da Argentina, com vários casos diagnosticados em turistas que visitam aquela região.

Progressões e Sintomas

À infecção devido à picada da carraça ou carrapato, segue-se um período de incubação de três dias a um mês. A doença prossegue então exceto se interrompida por tratamento eficaz. Na pele ao redor da zona da picada surge o eritema migrante, mancha vermelha redonda que cresce até cerca de 5-50 centimetros de diâmetro, com clareamento da zona central. Pelo menos 75% dos indivíduos infectados apresentam este sinal precoce. Aproximadamente 50% dos indivíduos infectados apresentam mais áreas avermelhadas (normalmente menores) logo após o surgimento da grande mancha vermelha. Sintomas adicionais são inchaço dos gânglios linfáticos locais, mal estar, fadiga, dores de cabeça, febre e calafrios, rigidez do pescoço e dores musculares e articulares que duram cerca de um mês. Os sintomas menos comuns incluem a lombalgia, náusea e vômito, dor de garganta, aumento de linfonodos e do baço. Embora a maioria dos sintomas surjam e desapareçam, a sensação de mal estar e a fadiga podem persistir por semanas.

Se não tratada em 80% dos casos surgem após algumas semanas a dois anos as complicações tardias, com sintomas neurológicos iniciais como meningite, encefalite e disfunção das funções intelectuais (alucinações, perdas de memória, outras), paralisia de músculos devido aos danos nos nervos; e possivelmente problemas cardiacos (15% dos casos) - arritmias (batimentos cardíacos irregulares) e pericardite (inflamação do saco que envolve o coração). Mais tarde aparecem artrites com dores nas articulações e artrite.

Os joelhos afetados geralmente tornam-se mais edemaciados que dolorosos, frequentemente a temperatura da região aumenta (o que pode ser percebido pela palpação) e, raramente, tornam-se hiperemiados (avermelhados). Pode ocorrer a formação de cistos na face posterior do joelho. Quando esses cistos rompem, a dor piora abruptamente. Aproximadamente 10% dos indivíduos com artrite de Lyme desenvolvem problemas permanentes nos joelhos.

A doença é raramente fatal, mas conduz à debilidade.Um problema da doença são os sintomas algo moderados crônicos mas associados a danos significativos, levando o doente a não procurar o médico até que haja disfunções irreversíveis.

Observação: Em 50% dos casos ocorre neuropatia facial.

Prevenção

Uso de roupas claras cobrindo a maior parte da pele e botas altas quando em expedições à floresta. As calças devem ser metidas dentro das meias para evitar essa porta de entrada à carraça. As carraças, se encontradas devem ser retiradas imediatamente da pele da forma apropriada, se possivel por alguém com experiência. Se não houver ninguém nas imediações, devem ser usadas pinças. O recurso ao calor, vaselina ou azeite para expulsão da carraça não é recomendado, pois irrita o parasita e pode provocar regurgitação para o hospedeiro, aumentando as possibilidades de infecção. Se em zona endémica é aconselhavel a consulta médica.

Diagnóstico Tratamento

O dignóstico é um teste ELISA de detecção de anticorpos especificos contra a espiroqueta. A cultura é extremamente difícil assim como a visualização microscópica, já que não absorvem corantes. A PCR é usada por vezes.

Apesar de todos os estágios da doença de Lyme responderem aos antibióticos, o tratamento precoce previne mais adequadamente as complicações. Nos estágios I ou II, os antibióticos amoxicilina, cefuroxima, eritromicina, doxiciclina ou macrolidio podem ser administrado pela via oral. Na doença avançada, grave ou persistente, são administrados antibióticos pela via intravenosa. Na fase III, utiliza-se ceftriaxona. Os antibióticos também ajudam a aliviar a artrite, embora possa ser necessário prolongar o tratamento por até 3 semanas. A aspirina ou outros antiinflamatórios não esteróides aliviam a dor das articulações inflamadas. O líquido acumulado nas articulações afetadas pode ser drenado e o uso de muletas pode ser benéfico.

Texto revisado, Wikipédia a enciclopédia livre.