Diabete

Diabete: causa e tratamento

 

Diabete é uma doença na qual a concentração da glicose (um tipo de açúcar) no sangue, encontra-se anormalmente elevada, pois o organismo não produz  insulina ou esta não atua de modo adequado (resistência insulínica).

 

A insulina é um hormônio produzido pelas células do pâncreas, que permite que a glicose entre nas células e atue como uma fonte de energia. A concentração de glicose no sangue varia durante o dia, aumentando após uma refeição e retornando ao normal em 2 horas. Normalmente, a concentração normal da glicose varia de 60 e 99 mg/dl, quando medida no sangue pela manhã , após uma noite de jejum.

 

Normalmente ela é inferior  a 140 mg/dl  duas horas após o consumo de alimentos ou de líquidos que contêm açúcares e outros carboidratos. A elevação dos níveis de glicose após comer ou beber estimula o pâncreas a produzir insulina, impedindo um aumento maior de sua concentração no sangue, fazendo com que este diminua gradualmente. Como os músculos utilizam glicose como fonte de energia, a sua concentração no sangue pode diminuir durante uma atividade física.

 

Causas

 

A diabete ocorre quando o organismo não produz insulina em quantidade suficiente ou quando as células não respondem adequadamente à ação da insulina  (resistência à insulina).

 

- Diabete tipo I (dependente  de insulina):

 

Portadores deste tipo de diabete produzem pouca ou nenhuma insulina. Embora aproximadamente 7% da população do Brasil  sofra de diabete, somente cerca de 10% dos diabéticos são do tipo I. A maioria dos indivíduos com diabete tipo I apresentam a doença antes dos 30 anos. Os cientistas acreditam que um fator ambiental (possivelmente uma infecção viral ou um fator nutricional na infância ou no início da vida adulta) faz com que o sistema imunológico destrua as células produtoras de insulina do pâncreas. No tipo I mais de 90% das células produtoras de insulina (células beta) do pâncreas estão comprometidas definitivamente.

 

- Diabete tipo II (não-dependente de insulina):

 

Neste tipo de  diabete o pâncreas continua a produzir insulina, muitas vezes em níveis mais elevados do que o normal. No entanto, o organismo desenvolve uma resistência aos seus efeitos (resistência à insulina). A diabete tipo II pode ocorrer em crianças e adolescentes, mas, normalmente, ela se inicia após os 30 anos e torna-se progressivamente mais comum com o avançar da idade: aproximadamente 15% dos indivíduos com mais de 70 anos de idade apresentam diabete tipo II.

 

A obesidade, principalmente a localizada no abdome é um fator de risco para  o aparecimento do  diabete tipo II ( 80 a 90% dos indivíduos que a apresentam estão obesos). A obesidade e a diabete tipo II são constituintes da síndrome metabólica. Outros fatores de risco para diabete tipo II são: idade maior que 40 anos,  hipertensão arterial (80% dos portadores de diabete tipo II são hipertensos), dislipidemias  (anormalidades do colesterol total e frações), história familiar, antecedentes de diabete na gestação e de fetos macrossômicos (recém nascidos com peso elevado). 

 

Sintomas

 

Os primeiros sintomas da diabete estão relacionados aos efeitos diretos da concentração elevada de glicose no sangue. Quando esta é superior a 180 mg/dl, a glicose passa a ser eliminada através da urina. Quando a concentração aumenta ainda mais, os rins excretam uma maior quantidade de água para diluir a grande quantidade de glicose perdida.

 

Como os rins produzem um excesso de urina, o indivíduo com diabete elimina grandes volumes de urina (poliúria), o que acarreta uma sede excessiva (polidipsia). Como ocorre uma perda excessiva de calorias pela urina, o indivíduo perde peso. Para compensar, o indivíduo sente uma fome excessiva (polifagia). Outros sintomas incluem fraqueza, visão borrada,  sonolência,  náusea e a diminuição da resistência durante os exercícios.

 

Além disso, os indivíduos com uma diabete mal controlada são mais suscetíveis às infecções. Por causa da gravidade do déficit de insulina, os indivíduos com diabete tipo I quase sempre perdem peso antes de serem submetidos a um tratamento. A maioria dos indivíduos com diabete tipo II não perde peso.

 

Nos indivíduos com diabete tipo I, os sintomas começam de modo abrupto e podem evoluir rapidamente para uma condição denominada grave chamada de cetoacidose diabética.

 

Complicações

 

No decorrer do tempo, a concentração elevada de glicose, nos pacientes diabéticos, lesa os vasos sangüíneos, os nervos e outras estruturas internas. Substâncias derivadas do excesso de açúcar acumulam-se nas paredes dos pequenos vasos sanguíneos, produzindo espessamento desses vasos. Ao se espessarem, esses vasos transportam cada vez menos sangue, especialmente para a pele e para os nervos.

 

Os elevados níveis de glicose no sangue tendem a produzir um aumento da concentração no sangue de substâncias gordurosas (lipídeos), acarretando uma aceleração da aterosclerose (formação de placas de gorduras na parede das artérias). A aterosclerose é 2 a 4 vezes mais comum nos indivíduos diabéticos que nos não diabéticos, ocorrendo igualmente em homens e mulheres. A aterosclerose e suas manifestações (doença arterial coronariana, doença vascular cerebral e a doença arterial periférica), são as complicações mais graves nos portadores de diabete.

 

A má circulação, seja através dos vasos sanguíneos pequenos, seja através dos vasos grandes, pode lesar o coração, o cérebro, os membros inferiores, os olhos, os rins, o nervos e a pele e, além disso, retarda a cura das lesões. Por todas essas razões, os indivíduos diabéticos podem apresentar muitas complicações graves em longo prazo.

 

O infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral são complicações comuns, sendo também as principais causas de morte nos diabéticos. A lesão de vasos sanguíneos do olho pode causar perda da visão (retinopatia diabética). A função renal pode ser comprometida, resultando em uma insuficiência renal que requer diálise. A lesão dos nervos pode manifestar-se de diversas formas. Quando apenas um nervo é comprometido (mononeuropatia), pode ocorrer fraqueza de um membro superior ou inferior.

 

Quando os nervos que inervam as mãos, os membros inferiores ou os pés são lesados (polineuropatia diabética), pode ocorrer uma alteração da sensibilidade e o indivíduo pode apresentar formigamento ou sensação de queimação e fraqueza dos membros superiores e inferiores. A lesão dos nervos da pele aumenta a probabilidade de lesões repetidas porque o indivíduo não consegue sentir as mudanças de pressão ou de temperatura. O suprimento sanguíneo inadequado para a pele também pode acarretar a formação de úlceras e todas as feridas cicatrizam lentamente.

 

As úlceras dos pés podem tornar-se  profundas e se infectarem e, sua falta de cicatrização, associada à má circulação, poderão levar a uma amputação de parte do membro inferior. Evidências  revelam que as complicações da diabete podem ser evitadas, postergadas ou retardadas através do controle da concentração de glicose no sangue. O controle de outros fatores de risco cardiovascular, como a hipertensão arterial e o tabagismo, são fundamentais para evitar o aparecimento de complicações relacionadas o quadro da diabete. 

 

Diagnóstico

 

O diagnóstico da diabete pode ser feito através das seguintes formas:

 

- Obtendo-se pelo menos dois valores de glicemia em jejum (no mínimo oito horas sem ingestão de alimentos ou líquidos com açúcar), iguais ou maiores a 126 mg/dl.

 

- Após uma dosagem de glicemia superior à 200mg/dl, após uma sobrecarga de glicose (ingestão de um xarope doce). Este exame é indicado para pacientes com glicemia de jejum entre 100 até 125mg/dl.

 

- Após uma dosagem isolada (sem jejum) maior que 200mg/dl, mas associada a sintomas da diabete, como excesso de diurese (poliúria) ou sede (polidpsia).  

 

 Tratamento

 

O principal objetivo do tratamento da diabete é manter o máximo possível a concentração  de glicose no sangue dentro dos limites de normalidade. Esta manutenção é difícil, mas quanto mais ela for mantida dentro da faixa de normalidade, menos provável será a ocorrência de complicações temporárias ou de longo prazo.

 

O principal problema ao se tentar manter um controle rígido da concentração de glicose no sangue, é a maior chance de se produzir uma redução exagerada da mesma (hipoglicemia). O tratamento da diabete requer atenção ao controle do peso, aos exercícios e à dieta. A maior parte dos indivíduos obesos com diabete tipo II não necessitam de medicação quando perdem peso e se exercitam regularmente.

 

Contudo, a redução de peso e o aumento de exercícios físicos são difíceis para a maioria dos indivíduos diabéticos. Por essa razão, a terapia com medicamentos hipoglicemiantes orais e/ou reposição de insulina, são necessários. O exercício físico reduz diretamente a concentração  de glicose no sangue e, frequentemente, reduz a quantidade de medicamentos e insulina necessários.

 

Controle do tratamento

 

Uma concentração de glicose no sangue próxima do normal é essencial ao tratamento da diabete. Nos pacientes que necessitam do uso de insulina, a medida do nível de glicose (através da utilização de tiras), ajuda no ajuste das doses a serem empregadas. Os objetivos do tratamento da diabete são: glicemia de jejum inferior a 120mg/dl, glicemia pós-prandial (após a ingesta de alimentos) inferior a 140mg/dl e uma hemoglobina glicosilada (exame que analisa o acúmulo de glicose no sangue nos últimos meses) dentro dos limites do laboratório, em geral, entre 6,5 a 8,0 mg/dl.

 

 

 

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