Por Francisco Eduardo Cardoso Alves, Luciana G. F. Pedro & Fernando S. V. Martins
A trombose venosa profunda é uma doença causada pela formação de coágulos no interior das veias. Pode ocorrer durante ou após viagens, e está relacionada com a imobilidade prolongada e com fatores de risco do próprio viajante.O desprendimento destes coágulos pode resultar em embolia pulmonar, condição potencialmente fatal e que deve ser tratada o mais rapidamente possível.
A imobilidade prolongada durante uma viagem acontece quando uma pessoa permanece sentada, praticamente em uma mesma posição, durante horas seguidas, o que pode ser exacerbado pelo uso excessivo de sedativos ou de bebidas alcoólicas. Nestas circunstâncias, existe risco de trombose venosa profunda, uma vez que a compressão prolongada das veias dos membros inferiores (pernas e coxas) contra as bordas dos assentos dificulta a circulação do sangue e facilita a formação de coágulos.
O risco de trombose venosa profunda é proporcional ao período de imobilidade, sendo mais significativo quando a duração da viagem é superior a cinco horas. Além disto, a doença é mais frequente em viajantes que tenham fatores individuais de risco, como uso de anticoncepcionais, gestação, obesidade, idade superior a quarenta anos, infarto recente etc.
Ainda que não exista um estudo conclusivo, é inegável que algumas peculiaridades das viagens aéreas sugerem uma provável associação com doença tromboembólica, maior do que em outros meios de transporte. A frequência das escalas durante uma viagem aérea, quando elas ocorrem, é ditada por motivos econômicos ou técnicos e, naturalmente, não obedece a um padrão regular. A disposição dos assentos, em múltiplas fileiras paralelas, inibe até eventuais idas ao toalete e, de resto, não é aconselhável, por motivos de segurança, que os passageiros fiquem andando durante o vôo, o que facilita a imobilidade prolongada. Além disto, o ambiente do interior das aeronaves, seco e com níveis baixos de pressão atmosférica e de oxigênio, favorece a desidratação, que é um dos fatores de risco para a doença tromboembólica.
O risco de doença tromboembólica (trombose venosa profunda e embolia pulmonar) é relativamente pequeno, considerando o número total de pessoas que viajam. Contudo, em razão da possível ocorrência de embolia pulmonar, que pode resultar em morte durante ou logo após uma viagem, é importante que sejam observadas medidas preventivas.
O risco de trombose venosa profunda, qualquer que seja o meio de transporte utilizado, pode ser reduzido por medidas simples, como não usar roupas apertadas e fazer pequenos exercícios durante a viagem, que devem ser observadas por todos os viajantes, com ou sem fatores individuais de risco.
Os viajantes com fatores individuais de risco devem reservar assentos no corredor ou próximo às saídas, para facilitar a realização de exercícios. Além disto, devem procurar aconselhamento médico antes da viagem, uma vez que poderá estar indicado o uso de medidas adicionais, como meias elásticas ou medicamentos (ambos têm contra-indicações). Quando o fator de risco for temporário, como acontece nas primeiras seis semanas após o parto, deve-se considerar o adiamento da viagem.
Na maioria das vezes (até 60%) a trombose venosa profunda é assintomática. As manifestações, quando ocorrem, podem aparecer durante ou após a viagem, em geral até o terceiro dia, incluindo a embolia pulmonar.
A trombose venosa profunda, em 90% das vezes, ocorre em apenas uma das pernas, mais comumente nas panturrilhas (“batata da perna”). Quando, no entanto, são acometidas as veias da coxa, existe um maior risco de embolia pulmonar. As manifestações mais comuns da trombose venosa profunda são a dor, a inchação (edema) e a vermelhidão (rubor) no local afetado (pernas, coxas, articulações). Quando presentes, pelo risco de embolia pulmonar, um médico deve ser procurado tão logo quanto possível.
A embolia pulmonar acontece quando há desprendimento dos coágulos das veias, que sob a forma de êmbolos podem causar a obstrução de vasos arteriais dos pulmões. A embolia pulmonar produz falta de ar de início súbito, dor torácica, e nos casos mais graves, diminuição da pressão arterial e, por vezes, morte súbita.
Fonte: Centro de Informação em Saúde para Viajantes - Cives, em: http://www.cives.ufrj.br
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