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Síndrome da apneia obstrutiva do sono - SAOS
A apneia obstrutiva do sono, melhor chamada de síndrome (conjunto de sinais e sintomas) da apneia obstrutiva do sono (SAOS), é caracterizada por um estreitamento recorrente, completo ou parcial das vias aéreas respiratórias superiores durante o período do sono. O resultando deste processo são períodos de apneia (falta total da respiração) durante a noite, queda dos níveis de oxigênio no sangue, despertar frequente e, como consequência, sonolência e fadiga durante o dia. Durante o sono, as alterações da respiração devem durar pelo menos dez segundos, podendo ser de três tipos: apneias obstrutivas (ocorre uma completa obstrução das vias aéreas superiores e o fluxo de ar é interrompido, mesmo com um esforço respiratório contínuo), apneias centrais (falta um estímulo do sistema nervoso central para que a respiração ocorra) e as hipopneias (ocorre uma redução transitória e incompleta do fluxo de ar em pelo menos 50%, em relação ao fluxo aéreo normal, podendo ser de causa central ou obstrutiva). Causas
A apneia obstrutiva do sono, tem sido associada aos seguintes fatores: histórico familiar, obesidade, aumento da circunferência do pescoço, anormalidades das estruturas da garganta, aumento da relação cintura-quadril (depósito de gordura na região central do corpo, ou seja, acima da cintura), hipotireoidismo (falta de hormônio da tireóide), diabete, acromegalia (excesso do hormônio de crescimento), insuficiência renal crônica, gravidez, roncos, entre outros. A presença da SAOS é muito maior em pacientes com hipertensão arterial, pois há uma série de fatores de risco comuns, como a obesidade, sexo masculino e roncos. Estudos recentes sugerem que 40% dos indivíduos com hipertensão arterial apresentam esta síndrome. Diagnóstico
Apesar de alguns estudos indicarem que a apneia obstrutiva do sono seja uma doença relativamente comum, é frequentemente não diagnosticada pelos médicos. O não reconhecimento da SAOS é preocupante, devido às complicações associadas e ao risco de morte súbita nos pacientes com a síndrome. A SAOS pode ser suspeitada em um paciente, quando sua companheira(o) ou familiar, relata que este ronca e para de respirar à noite além, da menção de sonolência durante o dia. Este diagnóstico clínico isolado é capaz de detectar a doença em apenas 50-60% dos casos. A confirmação definitiva da SAOS (95% de sensibilidade) é feita através do estudo do sono ou polissonografia. Este exame é uma análise do sono do paciente em ambiente calmo e apropriado, sendo monitorados o eletroencefalograma, o eletromiograma, o eletrocardiograma, a concentração de oxigênio no sangue, o fluxo de ar, o esforço respiratório, a frequência cardíaca e a pressão arterial. A polissonografia avalia o número e a duração das apneias e hipopneias, classificando a SAOS em três graus: leve, moderado e severo. Complicações
Os portadores da apneia obstrutiva do sono apresentam um significativo prejuízo de sua qualidade de vida. Sonolência diurna, fadiga, dor de cabeça e indisposição geral, são queixas comuns desses pacientes. Nos últimos anos, o interesse no estudo da SAOS tem se voltado para sua identificação como um fator de risco para o surgimento de outras doenças. A doença que tem sido mais estudada e correlacionada com a SAOS é a hipertensão arterial. Hoje a apneia obstrutiva do sono é considerada como uma causa curável de hipertensão arterial. Doenças como infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, AVC, acidentes automobilísticos entre outras, têm sido associadas à síndrome, porém sem o mesmo nível de evidência que os estudos com hipertensão arterial. Há descrição de casos de morte súbita em portadores da SAOS. Tratamento
O tratamento da apneia obstrutiva do sono visa melhorar a qualidade de vida do paciente, bem como evitar o aparecimento de complicações associadas à doença. Em portadores de hipertensão arterial , o tratamento da SAOS pode diminuir a pressão arterial ou até mesmo normalizá-la. O risco de um infarto do miocárdio ou AVC também diminui com o tratamento dessa enfermidade. Além de medidas gerais, como a redução do peso e evitar a ingestão de álcool e tranquilizantes , o tratamento da SAOS depende de sua gravidade. Casos leves e moderados podem ser tratados através de uma prótese dentária, moldada e ajustada de acordo com o paciente, facilitando a respiração à noite. Em casos graves a opção inicial é por uma máscara que injeta ar durante a noite, através de uma pressão positiva contínua (CPAP). A cirurgia (uvalopalatoplastia) está em desuso, pois seus resultados são inferiores ao do CPAP.
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